O Fogo do Fogo no Fogo
Luísa Demétrio Raposo procura a realização feminina através de uma
literatura assumidamente erótica, em que a palavra se ocupa de boca, da
boca como um lugar evidentemente sexual, convidando a voz a atravessar a
pele ao arrepio. A boca diz, sussurra, grita, esconde, devora, canta
qualquer palavra que a excite e exorte o corpo ao prazer que lhe é
próprio: somos feitos de prazeres. E quando queremos conhecer o mundo e
interromper a escuridão, atravessamos o corpo das nossas mães caminhando
sobre um funâmbulo de dor sublime que nos faz chegar, irreconhecíveis e
inimagináveis, ao lado de fora do corpo. E o beijo da vulva é o nosso
primeiro oráculo. Nascemos do prazer com que as nossas mães negoceiam
com a morte. O ideal romântico e amoroso que oprime o corpo feminino que
“dá à luz” é vigorosamente desafiado por Luísa Demétrio Raposo – que
desafia o tempo porque o atravessa: a Luísa está depois das academias,
depois das ordens, depois dos congressos. A liberdade com que escreve
afronta aqueles que nunca amaram, escreveram, foderam, pariram. (Do
prefácio de Cátia Terrina e Ricardo Boléo)
Posfácio de Maria Estela Guedes.
autor/a | Luísa Demétrio Raposo |
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editora | Tigre de Papel |
ano de publicação | 2023 |
n.º de páginas | 136 |
13,00 €