Revista Manifesto n.º 6

No número anterior da Manifesto, publicado em plena crise pandémica e com as alterações climáticas a assumir redobrada importância, colocou-se a possibilidade de estas questões, entre outras, obrigarem a um questionamento profundo do capitalismo predatório e iníquo que temos e, nessa medida, a desencadear mudanças no modo como nos organizamos económica e socialmente. «Para que nada fique como dantes» era, assim, o tema desse número.

Não foi contudo necessário muito tempo para se constatar que, com um maior controlo da crise pandémica nos países desenvolvidos, graças à vacinação, a consciência da necessidade de mudança se foi desvanecendo, acumulando-se os sinais de gradual regresso ao «velho normal», mesmo que as ameaças – nomeadamente as ambientais, mas não só – tenham continuado a agravar-se.

Mais que impactos circunstanciais e temporários, a crise pandémica veio de facto revelar, e em vários aspetos acentuar, as desigualdades, desequilíbrios e disfuncionalidades com que há muito nos defrontamos, fruto das políticas neoliberais das últimas décadas. Por isso, e na ausência de luta organizada, incluindo no plano político-ideológico, corre-se o risco de que a crise apenas tenha sido um parêntese de expetativas, não abrindo portas às mudanças irreparavelmente necessárias.

Procura-se, sobretudo no dossiê deste número 6 da revista Manifesto, refletir sobre os problemas estruturais e os constrangimentos que a crise pandémica, com os seus impactos económicos e sociais, veio evidenciar, em especial no nosso país, discutindo as possibilidades de transformação e os impasses e resistências que persistem em vários planos, e cujas forças apontam para que possa ficar tudo como dantes.

autor/a
editora
ano de publicação 2022

9,50 

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